Proteção Contra Surtos na Prática: O Que Você Precisa Saber
- EMBRASTEC EMBRASTEC
- 4 de jul.
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O risco invisível das sobretensões
Em instalações elétricas modernas, os dispositivos eletrônicos tornaram-se mais sensíveis e vulneráveis. Seja em residências, comércios ou indústrias, surtos de tensão podem danificar módulos fotovoltaicos, fontes chaveadas, controladores, computadores e até mesmo sistemas de automação. Esses surtos são eventos rápidos e de alta energia, causados por descargas atmosféricas ou comutações na rede.
Para proteger os sistemas, a proteção contra surtos deve ser parte obrigatória do projeto elétrico. O Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS) é quem assume esse papel: desvia a energia excedente e impede que ela atinja os equipamentos.
O que é um DPS e como ele funciona
O Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS) é um componente projetado para limitar sobretensões transitórias de origem atmosférica ou de manobras elétricas, desviando o excesso de energia do que deve ser protegido. Durante o funcionamento normal da rede, o DPS se mantém inativo, operando em regime de espera. No entanto, quando detecta um aumento súbito e anormal da tensão, ele se torna condutivo, permitindo o escoamento da corrente excedente. Esse processo ocorre em milissegundos e protege os equipamentos conectados à rede. Uma vez dissipada a energia, o DPS retorna ao seu estado de repouso ou, se estiver danificado, sinaliza sua falha por meio de um indicador visual e se desconecta completamente.
Segundo a NBR 5410 e a NBR 5419-4, o DPS deve ser instalado em pontos estratégicos da instalação:
No quadro de distribuição principal (classe II)
Em painéis de entrada de energia, próximo à proteção geral
Em circuitos que alimentam equipamentos sensíveis, como CFTV, computadores roteadores ou dispositivos eletroeletrônicos
Em sistemas fotovoltaicos, entre stringbox e inversor, e no quadro CA
A proteção eficaz exige coordenação entre os DPS de diferentes níveis (I, II e III), garantindo uma resposta escalonada à energia do surto.
Critérios para escolha correta
Segundo a norma ABNT NBR 5410:2004, que trata das instalações elétricas de baixa tensão, o uso de DPS é orientado especialmente no item 5.4.2, para linhas de energia e linhas de sinal. Os dispositivos devem ser previstos dispositivos de proteção contra sobretensões transitórias de origem atmosférica ou de manobras quando as consequências das sobretensões possam causar prejuízos inaceitáveis para a instalação e seus usuários. Essa exigência está dentro da seção 5.4.2.2, que trata de condições específicas para proteção adicional contra sobretensões.
Já a norma ABNT NBR 5419-4:2015, voltada à proteção contra descargas atmosféricas, orienta no item 6.4.5.3 que a coordenação entre diferentes classes de DPS deve ser considerada no projeto, garantindo proteção escalonada ao longo da instalação elétrica. Ela também define critérios técnicos sobre distâncias de instalação, capacidade de descarga e compatibilidade com os regimes de aterramento.
A consulta direta a essas normas é indispensável durante a especificação e dimensionamento dos DPS.
Selecionar um DPS adequado não é uma tarefa trivial, requer conhecimento técnico sobre a instalação, os riscos envolvidos e o perfil de carga.
A primeira consideração deve ser a classe de proteção exigida. Quer saber mais? assista nosso BLOG sobre Proteção com DPS em estagios
Os parâmetros elétricos também são cruciais para garantir proteção eficaz e evitar atuações indesejadas.
O In (corrente nominal de descarga) representa a capacidade do DPS de conduzir surtos frequentes sem degradação, geralmente dimensionado entre 5 a 20 kA.
O Imax (corrente máxima de descarga) indica o limite absoluto da corrente conduzida pelo dispositivo em condições extremas.
A Up (tensão residual), por sua vez, é o valor que chega até a carga após a atuação do DPS — quanto menor, melhor, pois menos estresse elétrico é transmitido ao equipamento protegido.
A Uc (tensão máxima de operação contínua), deve ser superior à tensão nominal do sistema, mas não excessivamente alta, sob pena de comprometer a sensibilidade do DPS. Por exemplo, em redes 220 V fase-fase, o Uc típico é 275 V para DPS fase-neutro.
Além disso, a topologia da instalação (monofásica, bifásica, trifásica) e o regime de aterramento (TT, TN-S, TN-C) influenciam diretamente na arquitetura de proteção. A escolha inadequada pode causar disparos falsos, falhas prematuras ou até risco de incêndio. Outro ponto importante é a presença de dispositivos complementares como sinalizadores visuais de falha, contatos auxiliares para supervisão remota e desconectores térmicos internos para evitar explosão do DPS em fim de vida.
Por fim, considerar o ambiente de instalação — se é interno, externo, com exposição à umidade ou poeira — define o grau de proteção (IP) exigido pelo invólucro. O uso de DPS certificados por normas como IEC/ABNT NBR 61643 e compatíveis com a NBR 5410/NBR 5419 é um indicativo de qualidade e conformidade técnica indispensável.
A instalação correta de DPS reduz significativamente o risco de queima de equipamentos, melhora a continuidade do serviço elétrico e aumenta a confiabilidade da infraestrutura. Em ambientes industriais, evita paradas não programadas. Em residências, protege eletrodomésticos, roteadores, centrais de alarme e painéis solares.
Quando proteger é prevenir
Em tempos de eletrônica embarcada e conectividade total, ignorar a proteção contra surtos significa expor toda a instalação a falhas silenciosas, prejuízos cumulativos e riscos operacionais que poderiam ser evitados com um componente acessível e estratégico. Muitas vezes, os surtos não causam danos imediatos, mas provocam o desgaste acelerado de componentes eletrônicos, reduzindo drasticamente sua vida útil e aumentando a frequência de falhas intermitentes difíceis de diagnosticar.
Essa degradação silenciosa compromete a confiabilidade do sistema e eleva os custos de operação e manutenção ao longo do tempo. Em aplicações críticas, como em hospitais, data centers, sistemas de segurança e instalações industriais, as consequências de uma proteção mal dimensionada podem ser catastróficas, afetando desde o desempenho de processos até a integridade de dados. Por isso, adotar uma estratégia de proteção contra surtos não é apenas uma medida de segurança elétrica, mas uma política de continuidade operacional e eficiência energética. Prevenir, nesse caso, é uma decisão técnica com forte impacto econômico e institucional.
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